No hospital, depois de algumas horas, Tsune entra no quarto correndo e vê Marina desacordada e com vários curativos numa cama e Norito sendo alimentado por Samantha em outra. Respirando aliviado, Tsune vai até Marina, dá um beijo na testa da garota e senta-se na cadeira ao lado da cama de Norito.
-Quanto tempo faz..... - Tsune fala - que não nos alimenta?
-Acho
que desde o ensino médio.... talvez...? - brinca um pouco com a colher
na comida - vocês estavam concluindo e eu tinha terminado, ha!
Me lembro como se fosse ontem..... O idiota do colégio me xingou -
coloca a comida na colher - e vocês foram tirar satisfação... Se eu não
tivesse chego antes, vocês tinham morrido....
-Bons tempos... - Tsune diz.
-Parando pra pensar... - da comida á Norito
- minha vida foi um inferno desde aquela época, fugi pra Europa para
ficar longe disso tudo, estudei e me formei em advocacia, porém, na hora
do mestrado tive que desistir... Se não, vocês iriam pagar o preço.
Assumi a empresa do velho, trabalho burlando a lei todos os dias, sou
odiada por meio mundo e quando encontro - olha para Marina
- algo que me deixa melhor, sempre acontece algo - suspira - não sei
por que, mas, só de vê-la respirando já me alivia muito..... toda a
minha raiva se vai.....
Samantha se levanta e vai embora.
-Ela parece mal... - Norito diz.
-Está
tentando se recompor sem perder a pose, ela quase perde vocês dois....
Sabe a mesa de Nogueira Amarga da sala (Uma madeira bem resistente)?
-Claro.
-Ela quebrou a mesa no meio com um soco.,.
-Hahahaha.... Ai.... Aproposito..... Vocês comentaram sobre ela ter te magoado uma certa vez....
-Ah... Não devo ter mencionado - segura a mão de Norito
- nós pouco conversamos.... Meus pais deviam ao pai dela uma quantia
muito alta e acabarão pagando com a vida. Eu, todavia, fui enviado para
ser o "brinquedo" dela... Tentei matá-la várias vezes, fugi várias vezes
da casa dela mas, sempre era pego. Na última tentativa, o pai dela
ficou muito zangado e disse que iria me fatiar,
só que ela não deixou, se jogou na minha frente e levou o golpe em suas
costas. "Meu soldado, minhas regras" ela disse. Eu me decepcionei com
ela e comigo mesmo por ter salvo minha vida daquela maneira e naquela
situação.... Mas, se me pergunta se á sigo por sentir que devo algo....
Tenho que discordar. Não acho que devo algo pra ela... Mas, tenho muito respeito por ela.
-Afinal....
Ela arriscou a sua própria vida por você.... Samantha é uma mulher
incrivelmente assustadora. - ri e olha para o lado - Marina?
Marina acorda, olha para os dois com indiferença e fica aérea.
-Marina.... - Tsune fala sorrindo e olhando para a garota - se tivesse acordado um pouco antes... Samantha acabou de sair daqui.
-Samantha..... - Marina apenas repete - who....? (quem?)
-Hum? Quem o que Mari-chan? - Tsune pergunta.
-Who.... - Marina fala olhando para eles -who are you.....? (quem.... quem são vocês?)
-Inglês? - Norito fala desacreditado.
Um
dia se passa, ambos recebem alta no hospital, Marina estava recolhendo
suas coisas de pé o lado da cama, quando, Samantha se aproxima e a
abraça por trás. Imediatamente, por reflexo, Marina lhe aplica um golpe,
Samantha cai em cima da cama, levanta-se rapidamente e olha para Marina
sem entender. Tsune chega correndo dizendo.
-Não! Marina! Está é Samantha! Samantha! Sua chefe!
Marina olha para Tsune e volta o seu olhar para Samantha se curvando.
-Peço minhas sinceras desculpas pelo ocorrido - ergue-se - isso não irá mais acontecer.
Samantha fica besta, aponta para Marina e olha para Tsune.
-Que porra é essa?
-Olha o vocabulário.....Vocabulário... - Tsune fala rindo - ela perdeu a memória, o médico disse que poderia ser o efeito da quantidade de droga ingerida pelo organismo dela e que com o tempo ela iria voltar ao normal.
-Tá me gozando Tsune?
-Não - sério - a ultima coisa que ela lembra é.....
-Estava
indo para o hospital - Marina fala e começa a forçar a vista - e é
engraçado porque.... Não lembro nem da roupa que usei....
-Em outras palavras... - Tsune continua - vai ter que esperar.
-Oh Céus! - Samantha coloca a mão na nuca - Isso significa...
-Sem assédio. - Tsune fala.
Se esquivando de um travesseiro, Tsune começa a rir e coloca sua mão no ombro de Marina.
-Vamos?
-Sim, claro.
Suspirando, Samantha vai para casa junto com eles. Em casa, Marina revista toda a casa e vai para a cozinha onde Samantha estava bebendo uma dose de rum.
-Ah... Samantha-san.... - Marina diz - Posso lhe fazer algumas perguntas?
-Sem o "san", pode me chamar de Samantha. O que quer saber?
-Por que moro com minha chefe?
-Você é especial.
-E por que só uma cama?
-Por que... - olha para a garota - geralmente eu não durmo em casa e quando durmo, você nunca se importa em dividir.
-Ah.... - ouve um barulho - Isso poderia ser..... Você está com fome?
-Talvez.
-Então, vou fazer algo para comermos. - sorri e vai para o fogão.
-Eu quero.... - é interrompida.
-Omelete com queijo branco...... Oh.... Por que...? - fica confusa.
-Como sempre, você sabe exatamente o que quero.
-Hum....
No
outro dia, no escritório, Samantha fica sentada no sofá trabalhando com
o notebook em cima de um local apropriado, pois, sua mesa ainda não
havia chego. Marina começa a arrumar suas coisas junto a Norito que ainda possuía faixas em seu corpo. Tsune se aproxima e pergunta.
-E então, como foi sua primeira noite? Lembrou de alguma coisa?
-Foi tranquila.... Mas, não lembro de nada. - Marina responde.
-E a chefe.... - murmura - lhe tocou em algum lugar?
-Não! Ela foi.... Gentil...
Tsune e Norito se entre olham. De repente a porta do escritório abre-se e Fujioka aparece, senta-se na sofá em frente Samantha. Quando a mulher o percebe, fica furiosa e diz.
-Velho...
-Também é bom ver você minha querida. - Fujioka fala.
-Ah.... O senhor aceita uma xícara de chá? - Marina pergunta.
-Gentil como sempre - Fujioka responde - mas, estou bem minha querida. Obrigado.
-Essa garota.... - Samantha murmura - O que quer?
-Não posso visitar minha filha em seu local de trabalho?
-Fale logo o que quer seu velho perve... - é interrompida.
-Amanhã é o dia.... Espero que não tenha esquecido.
Samantha,
pela primeira vez em muito tempo, engole seco e apenas concorda. No
outro dia, ela fica fora o dia inteiro. Na casa de seu pai, Samara
estava dormindo no chão, do seu lado, seu pai estava sentado de frente
para uma foto e vários adornos. Ao lado da foto, Sauro estava sentado
quieto. Samantha se aproxima, senta-se ao lado do pai e o serve uma taça de vinho. Todos estavam de preto.
-Já passou tanto tempo assim....? - Fujioka fala - Depois de algum tempo, percebi que este é o
único dia que vocês me deixam falar o que quiser..... - bebe um pouco
do vinho - então, acho que hoje terei que desabafar um pouco.....
Samantha me odeia tanto que chega a me incomodar....
Sauro e Samantha começam a prestar atenção ao homem que olhava atentamente o retrato a sua frente.
-Depois de ter Sauro, Sayako, minha doce esposa desencadeou um câncer no estomago.
-Hã?!! - Sauro fala.
-Tentei fazê-la ter o tratamento apropriado, afinal, dava para ser
curado.... Mas, ela não quis. Passar dias longe de seus filhos seria a
morte para ela... Controlamos com remédios por um tempo, porém, eles não
fizeram mais efeito algum depois de alguns anos...Ela tentou esconder
que estava mal e eu estava ocupado demais com o trabalho para dar a devida atenção... Quero que saibam que, eu nunca, jamais amei ou amarei outra mulher.
-E aquela vadia com quem anda? - Samantha pergunta.
-Preciso estar com alguém em público de vez em quando. porém, ela nunca entrou em meu quarto. - Fujioka
fala - Desde que a mãe de vocês partiu, eu, recentemente tenho
encontrado um pouco de felicidade e espero que entendam seu velho pai.
Samantha, se pensava que eu havia causado a morte de sua mãe e me odiava
por isso, eu...
-Não é apenas por isso que lhe odeio Fujioka.
-EH?!
Depois de servir mais uma taça,
Samantha levanta-se e vai embora. Já estava bem tarde, Marina dormia
tranquilamente quando ela chega. Muito desanimada, Samantha senta na
cama cuidadosamente e fica olhando o nada. Marina acorda, senta-se ao
lado dela e diz.
-Tudo bem?
-Oh.... Acordei você.... Desculpe.
-Está tudo bem. Como foi hoje?
Samantha
apenas olha para Marina e deita sua cabeça no ombro dela. Um pouco
hesitante, a garota apenas a abraça dando leve batidas nas costas dela.
Pela manhã, Marina acorda com o cheiro de café. Observando Samantha na
cozinha, sem querer, Marina sorri e prova a panqueca que estava na mesa.
-AH! - Marina diz olhando para Samantha
- Já disse para se decidir! Quando quiser panquecas, apenas escolha
salgada ou doce, não coloque demais os dois se ..... - hesita - não....
Ficará estranho.....
Com um pouco de esperança, Samantha a olha e pergunta.
-Você lembrou de algo?
-Não...... Só.... As palavras vieram automaticamente.... Desculpe - curva-se.
-Tudo bem.... - aperta a colher em sua mão - apenas sirva-se.
No trabalho, Marina estava varrendo o escritório quando Tsune se aproxima e pergunta.
-Não quer ajuda?
Marina observa o rapaz. Samantha estava sentada no sofá mexendo no seu notebook prestando atenção.
-Você
sabe que não consegue varrer direito, você é muito alto para a
vassoura, vive reclamando que suas costas doem... - sorri - está tudo
bem.
-Ah
se você
diz...
-Hei!
Bono! Não coma sorvete próximo dos papeis, pode sujá-los... Quantas
vezes tenho que lhe avisar? - Olha para Carol - Carol, pelo amor de
Deus, não leia sem seus óculos, terei que repetir isso até no inferno?
-Marina? - Samantha fala - Você lembrou de algo?
-Eh?! - toma consciência do que acabou de fazer.
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