6.E o nosso anjo aprende a segunda lição.
Ao acordar no outro dia, Kuro percebe que está sozinho na cama. Coloca a mão na cabeça com um pouco de dor.
-‘Um sonho? – relembra do dia anterior – tudo aquilo foi um sonho? Espero que sim...’
Kurogane vai até a cozinha, onde Uriel estava fazendo algo no fogão. Kuro senta-se do outro lado do balcão e diz.
-Bom dia... – sonolento.
-Bom dia Kuro! Dormiu bem?
-Só estou um pouco cansado....o que temos pro café?
Uriel vira-se com dois pratos em mãos, coloca um na frente de Kuro e outro em sua frente.
-Duas panquecas com meio sanduiches, e, para acompanhar suco de laranja e uma xicara de café.
-Haha...hoje você está inspirado...
-Só faço isso por que é pra você.
-Estranho você dizer isso... – fica corado.
-Então, hoje você está com o turno da manhã outra vez?
-Não, hoje é minha folga.
Kuro come algumas coisas de seu prato, Uriel fica um pouco inquieto, porém, não fala nada. Trio aparece e diz.
-Tenho uma dúvida.
-Trio....faz um tempo que não lhe vejo, como você está? – Kuro pergunta.
-Estou bem, na medida do possível....Alíais, Kuro-chan, gostar de você torna Uriel gay?
Uriel se engasga e começa a tossir, Kuro deixa a colher cair no prato e fica sem jeito.
-Não foi um sonho. – Kuro diz olhando pra Trio.
-Se você quer que tenha sido um... – Uriel fala – apenas vamos agir como se tivesse sido...
Ignorando totalmente Uriel, Kuro continua olhando para Trio e diz.
-É claro que o torna, ambos somos homens.
Kuro vai até seu quarto, Uriel e Trio se entreolham, ao voltar, Kuro trás um livro de biologia em mãos. Procura uma página e coloca em um local onde Trio e Uriel possam ver.
-Aqui – aponta pra figura de uma vagi** - se você tem isso é uma mulher, - aponta para um pê** - se você tem isso, é um homem....se ambos temos isso, somos do mesmo sexo por tanto gays, a mesma coisa acontece ao contrário!
Uriel e Trio ficam se olhando como se finalmente tivessem entendido, então Kuro continua deixando o livro na ponta do balcão.
-Se vocês quiserem saber mais sobre essas coisas, podem ler o livro. – volta a comer.
Um pouco nervoso, Kuro come toda o seu café e tomando o suco diz.
-Já que não foi um sonho....Eu estava vendo de mais ou – vira-se pra Uriel que estava lavando a louça – você tinha mesmo asas?
Uriel acaba de lavar a louça, vira-se para Kuro sério e diz.
-Kurogane, você acredita em Deus?
-É complicado.. – desvia o olhar.
-Então descomplique e me responda.
-‘Você está levando aquela de mudar a sério...’ Desde que eu era pequeno vivo sofrendo, era abusado no orfanato, abusado em qualquer lugar que eu fosse até alguns anos atrás.. – olha para o suco no copo – acha mesmo que alguém que passou por tudo isso ainda acreditaria? Bem, na minha opinião, apenas acreditaria que ele não existe, ou se existe, não olha por todos como dizem...e sempre me deixa de escanteio.
-Isso não é verdade....
-E como pode ter tanta certeza?
-Por que...... – fecha os olhos e olha para Kuro com um olhar frio e nostálgico – eu sou um anjo.
-Um anjo?
-Um dos sete maiores, você sabe, Rafael, Gabriel, Samuel, Uriel....
-Acho que você bateu a cabeça quando acordou.
-Eu não bati, e não brincaria com algo tão sério.
-Como quer que eu acredite nisso? – bebe todo o suco e percebe o olhar de Uriel.
-Trio, é minhas asas.... ele fica em meu peito, já que faz parte de mim...na noite em que achou, eu estava tão frustrado com a hierarquia que acontecia lá em cima, que decidi por mim mesmo cair.
Kuro lembra-se que o chão estava um pouco rachado ao redor de Uriel quando o encontrou, e as asas que havia visto fazia um pouco de sentido.
-Isso é...
-É o destino. Acha mesmo que foi por acaso que me encontrou?
-O que quer que eu faça....?
-Que... – coloca a mão no lado esquerdo do peito de Kuro – abra aquele lugar em que trancou o seu amor por ele...
-Por acaso é meu anjo da guarda ou coisa do tipo?
-Não! Não sou anjo da guarda....Kuro, apenas quero que você acredite.
-Acreditar ou não, não vai mudar nada em minha vida Uriel!
-Você não acredita nele, porém, ele acredita em você, tenha um pouco mais de fé.
-Não acredito que está me dizendo algo assim....
-Hei! – Trio fala – Ele é um anjo, você é um Humano....como se chama essa relação ui?
Ambos olham para Trio que estava tentando desfazer o clima tenso que estava. Kuro ri e diz.
-Realmente não sei Trio...mas, isso não importa não é? Afinal, soube que os anjos são forçados a gostar de Humanos.
-Não estão me forçando – cruza os braços – a gostar de você se é o que pensa, eu queria me livrar de lá de cima, por isso me joguei....não estou as ordens de ninguém aqui em baixo tudo bem? E se estou apaixonado por você....talvez deva ser por causa de sua gentileza e graciosidade que deixa qualquer um louco...sua forma de falar carinhosa, seu jeito de se preocupar com tudo, a forma de que quando estou com você, algo em meu peito parecer querer sair....o fato de eu... – fica vermelho e desvia o olhar – querer toca-lo a cada momento...e pensar em você a cada fração de segundo...
Kuro olha para Uriel que estava bem vermelho e muito envergonhado. Kurogane sorri, fica na ponta dos pés, abaixa um pouco a cabeça de Uriel e da um selinho nos lábios quentes do anjo.
-Desculpe...fui injusto com você – Kuro fala ficando de pé normalmente – então, pra lhe recompensar, troque de roupa e vamos sair.
-Mesmo? – sorri.
-É.
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